sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A REDE SOCIAL



                 HISTÓRIA DE CINEMA


O que acontece com Zuckerberg é muito mais interessante do que simplesmente a história do Facebook.


"O que queremos?", pergunta Zuckerberg. "Mulheres", responde Saverin. Mas acima de tudo, é preciso saber da vida alheia, além de encontrar modos de expor opiniões e, portanto, buscar relevância. É outro aspecto do desejo de fama pela fama; menos direto, mas igualmente relevante. Da mesma forma que o Facebook aposta em seu alto nível viciante e na dependência de seus usuários, o roteiro de Sorkin se apoia nos meandros dessa brincadeira milionária para prender a atenção sempre com novidades e novas facetas do que pode, ou não, ter acontecido nos primeiros anos da operação.

O autor não fornece respostas, apenas posiciona perguntas e faz sugestões. Não há dicotomia nessa dinâmica, pois existem tantos pontos de vista, que apoiar Zuckerberg é tão plausível quanto se alinhar a Saverin, suplantado pela chegada de Parker. Todos têm sua participação na criação desse empreendimento, assim como todos compartilham da culpa pelo desfecho regado a acordos milionários.
 Desde a dobradinha Bill Gates e Steve Jobs não havia surgido um negócio forte o bastante para relembrar a geração atual de que ser milionário, ou famoso, ou as duas coisas, ainda é possível sem sair da frente do computador. Zuckerberg e Saverin são heróis modernos. Modelos. Pessoas normais capazes de inspirar milhões de ideias e indivíduos, ou seja, trajetórias facilmente relacionáveis e acessíveis a qualquer aspirante ao sucesso.
Sua história não terminou e Sorkin se aproveitou disso ao escrever um filme que não desacelera, que não avisa que vai terminar e que, facilmente, poderia ter mais uma ou duas horas – o espectador não notaria ou reclamaria. O público quer viver aquela vida, quer se alimentar daquele exemplo. Quer acreditar que o sonho é possível e que, acima de tudo, sua vez pode chegar. George Lucas precisou buscar inspiração em Joseph Campbell para causar esse efeito na década de 1970. David Fincher precisou apenas olhar para a internet para se inspirar. É o poder das redes sociais extrapolando a rede e direcionando a vida real.




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