domingo, 24 de outubro de 2010

MORAR SÓ

Nesses dias estive refletindo sobre as vantagens e desvantagens de morar sozinha. Eu, que, tenho enfrentado essa odisséia, comecei a pensar se realmente vale a pena estar pagando tão caro por ter essa vida privada e sem alguém por perto pra ajudar nas tarefas domésticas, na hora de ver filme junto, de dividir as contas… E quando falo em alguém não me refiro necessariamente a um namorado, porque são duas coisas bem diferentes, e acho que um relacionamento não deve ser baseado numa necessidade. Posso, sim, viver bem sozinha, mas em muitos momentos seria melhor com alguém do lado, seja essa pessoa uma amiga, namorado ou parente.
Como desde criança eu já queria ser independente, não tenho mesmo do que me queixar dessa vida, mas hei de escrever aqui algumas considerações para mostrar as vantagens e desvantagens dessa experiência enriquecedora, na qual nem tudo são flores.
Primeiro porque, morando sozinha, você precisa se preservar muito mais e ter o dobro de cuidado sobre em quem confiar. Com a mente ocupada tentando acostumar-se com tantas mudanças, o coração, muitas vezes, é posto de lado e a saudade se camufla.  Durante minha experiências morando sozinha, frente a todas as dificuldades que surgiram, eu não sei de onde tirei forças, mas posso afirmar que tenho uma força inimaginável, algo que não se explica com palavras, só vivenciando.

É evidente que tenho alguma daquelas típicas crises. Estranho seria não ficar triste ou sozinha em nenhum momento. Insegurança se tudo vai correr bem, saudade de casa, carência… Ahhhhh! A carência !… Nada como uma amiga nessas horas pra telefonar e chorar horrores, até ouvir que ela já passou por tudo isso. E em dez minutos, você já é outra pessoa. Nada como  SUPERAR !

A odisséia de morar sozinha – fazer supermercado, cozinhar, lavar louça, arrumar a casa – é uma tarefa constante. Uma das mais cansativas pra mim, que particularmente tenho feito,  pq estou embirrada com empregadas,  carregar as inúmeras sacolas de supermercado depois de um dia exaustivo de trabalho. Ok, Ok. Nada aparentemente terrível se você não considerar que eu já tinha trabalhado mais de 10 horas num dia. No entanto, as facilidades da vida moderna, como os delivery’s 24 horas, banco, lavanderia, supermercado, etc, pertinho de casa compensavam outros esforços. Além disso, há de se considerar que, por não ter mais o conforto de morar com a família, você tem que pesquisar muito mais antes de comprar qualquer coisa e tem uma infinidade de contas pra pagar sozinha: aluguel, TV a cabo, internet, telefone, celular, supermercado, seg carro, IPVA, IPTU, plano de saude, seguro carro, cabelereiro, manicure, roupas, acessórios,  etc, etc (não vou citar tudo pra não ser taxada de consumista rs : ).

Que saudade que dá de um arroz, feijão e bife quando a gente mora só… Pequenas coisas que a gente é  tão acostumada quando mora na casa dos pais; ou tem parente por perto, o cotidiano que muitas vezes não damos valor quando temos ali, bem debaixo do nosso nariz… E quem disse que é fácil morar sozinha ?

No entanto, devo dizer: não há nada como a sensação de estar por conta própria, sob sua direção, trabalhando muito e sendo recompensada. E não me refiro apenas à compensação financeira, mas à experiência no geral; à sensação de estar sendo útil para outros e construindo algo para si mesma. Morar só não é apenas uma questão de privacidade. É aprendizado, amadurecimento… Nada como se orgulhar de ter trocado a lâmpada, pendurado o quadro, instalado os eletrônicos, desentupido a pia, comprado seu primeiro sofá e arrumado tudo no seu cantinho pra ficar a sua cara.

Se for pra viver só, que se aprenda algo, que seja intenso. Porque não adianta evitar o erro. Tem que queimar o feijão alguma vez na vida, manchar a roupa e perder a timidez quando precisar pedir ajuda aos vizinhos.

Bem mais importante, a maior recompensa da odisséia de morar sozinha é o quanto você aprende sobre si mesma. Por estar apenas sob seus cuidados, aprende o quanto é forte; o quanto pode lidar com inúmeras situações e dificuldades. Mais que isso, aprende a tornar-se mais convicta no que acredita; que suas crenças se fortalecem na mesma proporção em que você cresce como ser humano.

Beijão

2 comentários:

Arison disse...

Muito bom. Interessante este teu post. Não sei qual a tua idade; eu tenho 47, mas algumas das cisas que vc comentou creio que valem para todos os momentos da vida. Boa sorte pra vc!

Luciane Braga disse...

Obrigada Osorinho e Arisson pelos comentarios. :))